Neste texto, eu quero abordar um assunto que passei a considerar importante principalmente aos leigos em relação à música. Isso porque, quando falo que sou músico (e concordo que essa definição é bem genérica) as pessoas interpretam de formas diferentes. Alguns acreditam que eu domine o “repertório mundial”, ou seja, que por me apresentar como músico eu tenha que ter na ponta dos dedos ou da língua desde os clássicos do período barroco até o último single do artista pop lançado na semana passada e que está “bombando”. Outros acreditam que eu preciso saber tocar todos os instrumentos imagináveis, ou fazer sucesso em alguma plataforma que ele tenha afinidade desde rádio FM até Spotify. Também encontro aqueles que perguntam que instrumento eu toco, se estou em uma banda e coisas do tipo.
Diante desta realidade que me deparo há anos, convém esclarecer alguns pontos para facilitar a compreensão das pessoas sobre algumas das várias possibilidades que uma pessoa pode estar se referindo quando se apresenta como músico. Aqui vão 5 delas:
O estudante é aquela pessoa que se dedica ao longo de uma vida para estudar estilos, instrumentos ou mesmo faz alguma atividade musical como complemento para manter a criatividade em dia. Embora seja necessário estudar para fazer qualquer coisa relacionada à música, quem permanece sempre estudando para se desenvolver e não simplesmente para seguir carreira artística é o tipo mais importante, dentre os cinco que cito aqui, em termos de sociedade. Em síntese, o estudante de música é o que todo o ser humano deveria ser ao longo da vida. Usar a arte como polimento de caráter e desenvolvimento humano poderia ser um padrão estimulado principalmente na escola, mas mantido por hábito como a prática de exercícios físicos, a alimentação equilibrada, a leitura de grandes obras, entre tantas outras atividades importantes para o desenvolvimento individual.
O intérprete pode ser um cantor ou instrumentista especializado em interpretar músicas de outros compositores e dar vida a elas mesmo que o faça de forma criativa e não apenas imitativa. Ele também pode compor suas músicas, mas seu foco é entregar uma versão da obra de outra pessoa. Elvis Presley talvez tenha sido o mais célebre intérprete da história, mas temos muitos outros. A interpretação é mais uma função entre tantas outras dentro de uma produção artística, mas talvez seja a que mais exija talento e virtuosismo em muitos seguimentos, pois é necessário versatilidade e personalidade, mesmo que essas duas características possam ser excludentes em certos aspectos.
O compositor é aquele que cria a obra do zero, seja escrevendo uma poesia para encaixá-la em uma melodia e expandi-la com harmonias e ritmos ou mesmo colaborando com uma das etapas iniciais da concepção de uma obra. O compositor não precisa ser um exímio instrumentista ou um escritor maravilhoso, ele apenas precisa ter a sensibilidade e a técnica para criar conexão entre ele e o ouvinte. Muitas vezes, aquele que escreve a obra sequer chega a vê-la (ouvi-la) pronta. Por inúmeras razões, alguns artistas costumam pegar obras não lançadas de autores obscuros para fazerem suas versões e, muitas vezes, isso funciona perfeitamente.
O produtor musical é o profissional que transforma ideias artísticas em produtos finalizados e prontos para distribuição ao mercado. Embora seja uma definição um tanto quanto fria e comercial, quem assume a tarefa de produzir algo precisa começar sua atividade já com o possível resultado em mente. As possibilidades são amplas, pois a música oferece formatos variados de trabalhos desde a produção de um single, um EP, um álbum completo, um show ou até um filme, sempre deve haver ao menos uma pessoa responsável por concluir aquele trabalho com o foco em um resultado objetivo.
O professor é quem transforma a prática em teoria e a comunica de forma inteligível aos seus alunos para que a usem na prática. É como se fosse um tradutor desta linguagem chamada música. Ele não precisa ser um virtuose, ter uma carreira pregressa de sucesso como compositor ou intérprete, basta conhecer bem os fundamentos que se propõe a ensinar e com eles atender às necessidades de seus alunos através de suas orientações. Este profissional pode se especializar em ensinar teoria ou as técnicas de um instrumento específico, pois não há como abranger todo um universo de possibilidades relacionadas à música e transmiti-lo a qualquer tipo de aluno.
Creio que consegui falar um pouco sobre algumas possibilidades básicas que alguém pode estar se referindo quando se apresenta como músico. Desde já deixo claro que nenhuma dessas opções é mais ou menos qualificada. Embora tenha dito que considero o estudante como sendo o mais importante, eu tenho essa opinião porque estudar precede qualquer uma das possibilidades subsequentes. Nas próximas postagens pretendo me aprofundar em cada uma dessas atividades, pois já executei todas elas por muito tempo. Também vou gravar uma série de vídeos no meu canal do Youtube para aprofundar este assunto.
Assista a postagem em vídeo no Youtube: https://youtu.be/Z2uUWabGZys?si=ASRKR1WU0wnWAVoL
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