Para quem está iniciando seus estudos musicais, ou mesmo que nunca tenha se interessado pela história da música, a pauta musical parece algo complicado de se compreender. Obviamente que se criou um mito em torno dos estudos sobre teoria musical, pois os músicos, em sua maioria, preferem estudar as técnicas de seus respectivos instrumentos, afinal, eles é que tendem a se tornarem objetos de desejo para inserção na música. Porém, se formos analisar de forma superficial a evolução da escrita musical, perceberemos que foi necessário muito trabalho para consolidar todo o conhecimento acumulado em milênios em uma linguagem compreensível. A música, sendo uma linguagem universal, foi adaptada para cada povo e cultura na qual se difundiu, gerando assim inúmeras formas de registro. A gravação de áudio em alta escala só foi possível na metade do século XX. Anteriormente, para que uma peça pudesse atravessar gerações era preciso escrevê-la e imprimi-la em uma linguagem que pudesse ser interpretada com alguma fidelidade ao que o autor tentou expressar.
De Pitágoras, passando por Guido D’Arezzo e chegando a Johann Sebastian Bach, o que se viu foi uma série de esforços, principalmente dos religiosos medievais, para que se difundisse uma linguagem homogênea que fosse interpretável por qualquer cultura e geração. A pauta, hoje estabilizada com cinco linhas e duas claves, já chegou a ter 11 linhas para tentar contemplar as cerca de nove oitavas que o ouvido humano percebe no espectro que vai de 20 a 20.000 Hertz. Guido D’Arezzo deu uma grande contribuição nesta transformação, além de ter fixado o nome das notas utilizado pelos latinos a partir do Hino A São João, ele passou a escrever as obras em pautas mais simples que os decagramas da época. Bach, por sua vez, fixou os acidentes bemóis e sustenidos como enarmônicos e permitiu que instrumentos não precisassem ter alterações na afinação quando trocassem de tonalidade. Mas, a música oriental, embora melodicamente mais simples, ainda trabalha com sistemas de comas e a utilização dos semitons relativos à fundamental. As comas são pontos (cerca de 9) entre um semitom e outro, mais perceptíveis nos tons graves e em instrumentos com escalas mais longas e sem trastes como violoncelos e contrabaixos acústicos. Mas no processo de afinação de uma guitarra, por exemplo, utilizando um afinador digital já dá para mensurar estes pequenos fragmentos. É por isso que alguns músicos utilizam afinações como A em 435 ou 445 Hertz ao invés dos tradicionais 440.
Diante de tudo isso, para que essa pluralidade cultural não acabe afetando a percepção de um iniciante nos estudos musicais, é que sugiro a adoção de apenas duas claves, a de sol para sons mais agudos e a de fá para os mais graves, oriundas do desdobramento feito por D’Arezzo durante a idade média. Assim, abolimos a clave de dó em nossos estudos e o uso da clave de sol e fá em posições diferentes das já características, ficando o dó central na primeira linha suplementar inferior à clave de sol e na primeira linha suplementar acima da clave de fá. Depois, caso o instrumento que o estudante está aprendendo não esteja escrito em duas claves, como é o caso de pianos e teclados, se mantenha o foco na leitura e escrita na clave respectiva aquele estudo específico. Com uma rotina de estudos consistente, em poucos dias é possível adquirir fluência na leitura de melodias, em algumas semanas os acordes com três ou mais notas simultâneas também são assimilados sem maiores dificuldades.
Uma sugestão que eu dou aos meus alunos, que apresentam alguma resistência em relação à assimilação da leitura e interpretação das partituras, é escrever em uma clave, normalmente a que representa seu instrumento, uma nota por dia na seguinte ordem: C, no outro dia C e G, no outro C, G e E, formando a tríade de dó maior. Fazer isso em ao menos três oitavas utilizando as linhas suplementares. Depois trocar a armadura de clave para a tonalidade de sol (com o fá sustenido assinalado como acidente fixo) e escrever as notas G, no outro dia G e D, no dia seguinte G, D e B. E assim por diante, pois são as distâncias em intervalos de terças e quintas que mais aparecerão em uma obra, por outro lado, são os acordes que costumam confundir na leitura de início. Com a prática diária intuitivamente a leitura e a escrita, assim como ocorre com um idioma, vão se tornando fluentes. Contudo, a teoria musical é bem mais simples que a língua portuguesa, por exemplo.
Atualmente, depois de mais de três décadas trabalhando com música, nunca estive tão convicto da importância de se estudar teoria musical, mesmo para aquelas pessoas que não pretendem tocar um instrumento profissionalmente. Tanto isso é verdade, que acabo de lançar um livro sobre o assunto com uma linguagem clara e objetiva para ser plenamente acessível a qualquer pessoa. Com os diversos transtornos à saúde causados pelo excesso de estímulos, aprender um segundo ou terceiro idioma, juntamente com a instrução musical e atividades físicas, é uma excelente forma de prevenir doenças neurodegenerativas, afinal, com os avanços da medicina, a expectativa de vida tende a aumentar, mas com que qualidade envelheceremos?
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