Quando eu entrei para escola tardiamente, já com 8 anos (com 7 eu tive uma dessas doenças de criança como caxumba ou sarampo e perdi o prazo para entrar), pude conhecer o que é ser aceito ou/e repudiado por outras pessoas, porque, até então, eu vivia na minha zona de conforto. Obviamente que, quando se é criança, qualquer percepção sobre estrutura social é vaga e volátil, então, para mim foi um processo de adaptação fácil mesmo percebendo a dificuldade de outras crianças em lidar com a escola. Não me recordo de ter feito algum inimigo naquele primeiro ano, mas fiz alguns amigos, um deles até chegou a frequentar a casa de meus avós, onde eu morava na época. Como gostava de esportes, residia numa comunidade em que a maioria das pessoas se conhecia e tinha primos mais velhos, não foi difícil ter um grupo ao qual eu me integrasse rapidamente.
Isso só mudou quando eu já estava com meus 12 para 13 anos. Infelizmente, como havia bairros que disputavam o protagonismo em alguns seguimentos (como a distribuição de drogas), o simples fato de morar em um determinado endereço e não em outro já era o suficiente para ser malvisto por alguém. Contudo, até neste aspecto eu pude me safar sem muito esforço, afinal, nunca levantei bandeira de nenhum partido bairrista para ser considerado persona non grata por alguém. Entretanto, o ambiente no qual cresci sempre foi escasso em vários aspectos e a ideia de trabalhar até a morte não era descartada como realidade social, com exceção da criminalidade, essa sempre foi vista como alternativa viável para os jovens da minha geração. No geral, mesmo sonhando em ser um músico famoso, era impossível acreditar realmente nessa ideia vendo como as pessoas viviam no meu entorno. O mais difícil, embora não considerasse isso na época, era ter que conviver com piadas e deboches em relação à minha opção pela música. Ninguém me apoiou ou sequer acreditou nessa possibilidade, nem eu mesmo.
Eu costumava sair com o pessoal do meu bairro, meus primos ou colegas de escola quando comecei a ouvir heavy metal e tive que optar por um dos caminhos: eu continuava saindo com o pessoal do futebol, seguia estudando e tentando ascender socialmente ou fumava e bebia com os punks e roqueiros que conhecia. Optei pela segunda alternativa, pois entre a galera que se reunia para beber, fumar e falar sobre música, eu tinha certa identidade por tocar alguns instrumentos, ter deixado os cabelos crescerem e buscar algo diferente de meio no qual cresci. Pertencer a um grupo é uma necessidade, principalmente quando se é um jovem em busca de afirmação.
Mesmo que tenha optado em algum momento, não pude escolher quem seriam meus amigos e contar com o apoio deles para atingir meus objetivos, afinal, alguns se desgarraram do rebanho, outros acabaram agindo de má fé comigo e até sendo vítimas de algum ato egoísta que eu tenha praticado. A verdade é que eu não saberia contar com quantas pessoas convivi nos estudos, trabalhos e nas redes sociais, mas certamente é um número considerável. Mas a pergunta que fica é: Quem são realmente meus amigos? Se for seguir a definição dos antigos filósofos, os amigos são aqueles que apreciam as mesmas coisas que você e repudiam aquilo que você também despreza. Por essa definição, não saberia citar pessoas do meu convívio fora do núcleo familiar que se encaixariam nessa definição. Se for considerar aqueles indivíduos dos quais eu sei os nomes, que me cumprimentam quando nos encontramos casualmente, até há uma quantia significativa. Entretanto, não tem ninguém que eu conheça a quem eu confiaria minha vida ou qualquer coisa de valor.
O fato de eu manter sozinho meu trabalho artístico é um indicativo de que não tenho amigos que me apoiem neste aspecto. Sendo assim, já que trabalho em casa, utilizando a internet, também não tenho colegas empenhados em uma mesma causa profissional. Ainda existe os estudos que eu mantenho para estar sempre atualizado, mas nem aí eu vejo parceiros com quem trocar experiências. Ou seja, isso indica que eu sou uma pessoa solitária. Ainda tenho meus inimigos, mas nem deles eu atraio mais alguma atenção, afinal, já me afastei de disputas em ambientes sociais e esqueci e perdoei qualquer prejuízo que alguém tenha me causado. Assim, não me sobraram muitos amigos e nem inimigos, nenhum, na verdade.
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