As relações humanas têm sido alvo de muitas teorias filosóficas ao longo de sucessivas gerações de pensadores e estudiosos das mais diversas culturas. Contudo, parece que elas não evoluíram com o passar dos anos. Pelo contrário, quanto mais o ser humano se desenvolve social e cientificamente, mais tensas e frágeis se tornam suas relações. Talvez seja uma questão caracteristicamente humana, fisiológica até, mas sua dificuldade de se relacionar evolui como todas as outras coisas: a tecnologia, a fisiologia e a psicologia. O que podemos observar é um grande crescimento tecnológico que poderia aproximar as pessoas, haja visto os modernos telefones e a grande difusão das redes sociais através da globalização da internet. Entretanto, a cada dia que passa as pessoas se sentem mais solitárias e se tornam mais egoístas. Quanto mais aumenta o poder de comunicação entre os seres humanos, mais sua capacidade de criar intrigas é potencializada.
O fato de tentar trazer à luz esta questão não significa que eu tenha uma resposta definitiva ou argumentos sólidos suficientes para indicar um caminho a seguir na tentativa de modificar essa realidade, somente constato a existência do problema.
Existem diversos tipos diferentes de relação, alguns bem comuns, obrigatórios, outros eventuais e descartáveis. Nas relações profissionais temos alguns aspectos bem relevantes que contribuem para o seu rápido desgaste. Um fator muito importante para a dissolução dessas relações no ambiente de trabalho é a competição entre os profissionais envolvidos. Desde sua formação o indivíduo é instruído a ser mais esperto, mais competitivo, mais independente, mais frio, entre outras características. As próprias peculiaridades de cada empresa pode ser um fator que contribui para a independência de cada funcionário e a distinção entre eles. Isso provoca a inveja, instiga a vaidade e desvia o foco de um resultado positivo, fruto de um trabalho em equipe, dando asas ao instinto de sobrevivência dentro do mercado. Mesmo assim, ainda existem profissionais que criam laços de amizade dentro de seu ambiente de trabalho. Porém, mesmo uma relação potencialmente sólida baseada na amizade pode sucumbir ao desgaste provocado pela diferença de salário, desempenho e, principalmente, a fofoca.
A família é outra entidade que tem seus laços mais fragilizados a cada dia. Sempre houve um desgaste natural devido ao ciúme e a convivência, mas ainda se assumia mais a responsabilidade de manter a estrutura familiar de pé do que hoje. Entretanto, cresce a necessidade de se destacar em diversas áreas, e na família não poderia ser diferente. Sobram os vínculos fraternos, mas a independência financeira e psicológica está a cada momento mais em voga. Passou de um caminho natural a ser trilhado para uma busca incontrolável. A influência externa tem sido mais notória na formação das pessoas do que a familiar.
Hoje temos que nos esforçar para encaixarmos em nossas agendas uma reunião em família, uma cervejinha com os amigos e até um tempo para conhecer gente nova. As pessoas estão mais dependentes da internet para se relacionarem e deixam de lado aqueles que encontram todos os dias no trabalho, na escola ou em outros locais de convívio social. Talvez por isso as relações presenciais estejam sendo postas de lado, dando lugar a relações virtuais, motivadas por interesses comuns ou mero passatempo.
Ainda há espaço para um abraço, uma boa conversa, uma troca de olhares e um aperto de mão. Há mais no ser humano do que os blogs, MSNs (ultrapassado), facebooks, orkuts (extinto) e demais sites de relacionamento nos mostram. Coisas como o cheiro da pessoa, a expressão no olhar, entre outras características individuais não podem ser demonstrados com clareza sem o contato físico. Necessitamos deste contato para nos mantermos humanos. Não é à toa que o estresse, a depressão e o cansaço estejam enraizados no homem moderno. Estamos deixando de viver prazeres simples para adquirir o conhecimento disseminado na internet e se atualizar das diversas facetas que o mundo virtual cria e recria a cada dia. Claro que tais ferramentas são importantes, mas quando agregam, não quando substituem outras coisas que julgo fundamentais para o bem-estar das relações interpessoais. Como disse anteriormente, são apenas ferramentas.
Em suma, estamos ficando insuportáveis. Somos um bando de zumbis convivendo em sociedade, entretanto, solitários em meio à multidão. O que vemos são rostos tensos e cansados. Dedicamos horas de nossos dias para garantir a sobrevivência no trabalho ou estudando, e temos recebido como prêmio uma baixa qualidade de vida e a solidão. Nossas relações humanas são frágeis e sem importância no nosso dia a dia. Este é o mundo que estamos construindo com muito esforço e dedicação. Essa é a semente que estamos plantando. Estamos muito orgulhosos de nossa cultura e de nossos feitos. A maior ironia disso tudo é eu estar escrevendo este texto sozinho para postar no meu blog ao invés de debater o assunto numa roda de amigos ou em um fórum presencial adequado.
*Este texto foi publicado originalmente no dia 19 de outubro de 2011 para o blog heavinna.blogspot.com. Assista com áudio no Youtube:
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